Daiana Bessa buscou ajuda com a psicanalista Lucimei Couto para tratar a ansiedade
Ansiedade foi eleita a palavra do ano de 2024 no Brasil, segundo pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Ideia com a empresa de marketing Cause e o aplicativo PiniOn.
Ao todo, 22% dos entrevistados escolheram ansiedade, seguida por resiliência (21%), inteligência artificial (20%), incerteza (20%) e extremismo (4%).
O resultado, segundo especialistas, revela preocupação da população com a saúde mental. Mas, afinal, você sabe identificar quando a ansiedade vira doença?
De acordo com Lucimei Couto, psicanalista, o primeiro passo é entender a diferença entre ansiedade, estresse, tristeza e frustração.
“A ansiedade saudável é uma manifestação natural do corpo, inerente ao ser humano, e extremamente necessária para a sobrevivência. Ficamos ansiosos para estarmos em estado de alerta, de atenção plena, adaptativa, para um confronto, por exemplo”.
Ela explica que os sintomas podem ser físicos ou psíquicos, porém, em determinados casos, eles podem persistir, tornando-se disfuncionais, exagerados e irracionais.
Nesses casos, é necessária uma intervenção médica e psicoterapêutica. “Isso pode indicar que o sentimento não é necessariamente causado pela situação em si”.
Nathalia Gonring Sandoval, médica da Rede Meridional, explica que a escolha pelo termo “ansiedade” reflete a sociedade atual.
“Hoje vivemos com excesso de informação, mentes agitadas, em uma constante inquietação na espera do futuro sem se viver o presente. Pessoas ansiosas vivem, muitas vezes, com pensamentos pessimistas sobre o futuro, o que causa grande estresse emocional”, disse.
tranquilidade
A gestora comercial Daiana Bessa, de 40 anos, procurou ajuda para tratar a ansiedade e levar a vida com mais tranquilidade. Ela convive com a ansiedade desde pequena.
“Na época, as pessoas comentavam com minha mãe: ‘Ela é hiperativa, muito elétrica, está sempre em alerta’. No entanto, tudo isso era, na verdade, um transtorno de ansiedade generalizada”.
Ela conta que o transtorno causava sintomas como taquicardia, mãos trêmulas e roxos na pele. “Faço terapia há mais de cinco anos e trato essa doença com medicação. Aprendi que enfrentar essa luta não me faz fraca, mas corajosa”.
Você sabia?
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país com o maior número de pessoas ansiosas, liderando o ranking mundial com cerca de 19 milhões de indivíduos enfrentando essa condição (9,3% da população).
Fique por dentro
Jovem triste: preocupações
Palavra do ano
“Ansiedade”
Foi eleita a palavra do ano para a maioria dos brasileiros. Os dados são da nona edição da pesquisa conduzida pela Cause, em parceria com o Instituto de Pesquisa Ideia e PiniOn. De acordo com o levantamento, o termo liderou com 22% das menções. Em seguida estão “resiliência” (21%), “inteligência artificial” (20%), “incerteza” (20%) e “extremismo” (4%).
Estudo
A escolha da palavra seguiu um processo em duas etapas:
Primeiro, um grupo de especialistas das áreas de comunicação e ciências sociais definiu cinco palavras que capturam as dinâmicas e preocupações de 2024.
Em seguida, essas palavras foram submetidas a uma pesquisa quantitativa com amostra representativa da população brasileira a partir de dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) contínua de 2024, que consultou 1.538 brasileiros de todas as regiões do País.
Tipos de ansiedade
Ansiedade saudável é natural e necessária, ajudando em situações de alerta e adaptação.
A patológica é desproporcional, persistente e prejudica o funcionamento cotidiano.
A ansiedade é uma resposta natural em situações adversas, porém, se torna patológica quando a tentativa de “controlar o incontrolável” se transforma em algo recorrente, impactando o dia a dia dos indivíduos.
Sinais e sintomas
Insônia, alterações no apetite, problemas gastrointestinais, inquietação, sofrimento intenso e irracional que afetam a qualidade de vida.
Pessoas ansiosas tendem a ver o futuro de forma negativa, a se preocupar de forma excessiva com a opinião alheia e a ser intolerante a frustrações comuns da vida cotidiana.
Outros sintomas que podem surgir são náusea, vômito e diarreia, falta de ar, engasgo, sudorese, palpitações e frequência cardíaca acelerada, tensão muscular e sensação de aperto no peito.
Ajuda
Caso os sintomas sejam persistentes e interfiram na vida diária, é necessário identificar se a intensidade do sentimento é coerente com a situação enfrentada.
Fatores como ambientes tóxicos, privação de sono, frustrações não resolvidas, traumas de infância e uso de drogas podem gerar ansiedade.
O estilo de vida moderno e o hiperestímulo por telas também contribuem para o aumento do problema.
Tratamento e intervenção
Psicoterapia é a porta de entrada, com orientação sobre possível intervenção psiquiátrica. Em casos graves, medicação pode ser necessária.
Alimentação equilibrada, atividade física, sono adequado, rede de apoio e espiritualidade também fazem parte do tratamento.
Reduzir exposição a ambientes tóxicos e excesso de comparações nas redes sociais também contribui para a melhora do quadro.
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