Quando se fala em Síndrome do Ovário Policístico (SOP), muitas pessoas pensam logo em ciclo menstrual desregulado e maior dificuldade em engravidar. No entanto, engana-se quem pensa que a SOP afeta somente a função reprodutiva da mulher, já que ela também é um fator de risco para doenças cardiovasculares, obesidade e diabetes.
De acordo com a endocrinologista e pesquisadora clínica, Queulla Garret, a SOP é uma disfunção hormonal comum em pessoas com útero, após a puberdade, caracterizada pela presença de cistos no ovário que podem causar alterações metabólicas, na fertilidade e, também, estéticas.
Cabe destacar que a diferença entre cisto no ovário e ovário policístico está no tamanho e na quantidade de cistos. “Essa doença tem como fator de risco a obesidade e conta como sintomas a anovulação, que é dificuldade de liberar o óvulo, sendo esta uma das causas de infertilidade feminina. Além disso, ela também pode provocar resistência insulínica, sendo então risco para o diabetes”, destacou.
As causas não são totalmente conhecidas, mas já se sabe que as mulheres com SOP têm chance aumentada de desenvolver várias condições de saúde, como hipertensão, colesterol alto, resistência à insulina, diabetes tipo 2 e obesidade e ainda são mais acometidas por apneia obstrutiva do sono e doença hepática não alcoólica.
Embora não haja cura definitiva para a SOP, o tratamento adequado pode controlar e melhorar significativamente os sintomas, proporcionando maior qualidade de vida. Segundo a especialista, a melhor forma de tratar a doença é manter uma boa alimentação e praticar atividade física de forma regular.
“A metformina é uma medicação bem indicada para o tratamento, uma vez que ela melhora a sensibilidade da insulina. Além dessa alternativa, outra forma de tratar é por meio do uso dos anticoncepcionais”, explicou.
É importante destacar ainda que em muitos casos, o tratamento requer uma abordagem multidisciplinar, envolvendo ginecologistas, endocrinologistas, nutricionistas e, quando necessário, psicólogos.
70% das mulheres portadoras da SOP desconhecem o diagnóstico, aponta OMS
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 70% das mulheres afetadas pela síndrome do ovário policístico permanecem sem diagnóstico em todo o mundo. Por isso, é muito importante prestar atenção aos sinais que podem ser variados e em diferentes graus.
A seguir, descrevemos os principais sintomas e complicações que podem surgir em decorrência da síndrome. Confira:
Alterações menstruais: presença de desregulação do ciclo menstrual, com períodos irregulares, aumento excessivo do fluxo menstrual ou ausência de menstruação;
Aumento de pelos no rosto, seios e abdômen: algumas mulheres podem apresentar crescimento de pelos em áreas mais comuns em homens, como no rosto, seios e abdômen. Esse sintoma, conhecido como hirsutismo, está diretamente ligado às desregulações hormonais associadas à SOP;
Acne por desregulações hormonais: a SOP pode desencadear o surgimento de acne, especialmente em regiões como rosto, peito e costas, em virtude das alterações nos níveis hormonais;
Diabetes e obesidade: a desregulação hormonal na SOP pode contribuir para o desenvolvimento de complicações, como a resistência à insulina, aumentando o risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2 e obesidade;
Hipertensão arterial sistêmica: mulheres com SOP têm uma maior predisposição à hipertensão arterial sistêmica, ressaltando a importância do monitoramento da pressão arterial;
Infertilidade: a SOP é uma das principais causas de infertilidade em mulheres. A interferência na ovulação, em razão da síndrome, pode dificultar a concepção, sobretudo com o passar do tempo e o agravamento da condição.