SÃO PAULO, SP, RIO DE JANEIRO, RJ E SALVADOR, BA (UOL/FOLHAPRESS) – Dorival Júnior disse antes do jogo contra o Uruguai que não estava feliz. E o desfecho de 2024 não trouxe motivos para mudar esse sentimento. Ao olhar para trás e ver o que foi o ano da seleção brasileira, a constatação é de que a equipe ainda está muito longe do ideal.
Em números frios e no desempenho, até foi melhor do que 2023. Mas só porque o ano anterior foi praticamente terra arrasada, um “pior do que tá não fica”.
“Mesmo que as pessoas às vezes não queiram enxergar, está evoluindo. Os resultados talvez encubram um pouco o que está acontecendo. Resultados ainda serão melhores nos momentos em que necessitarmos deles ainda mais”, disse Dorival após o jogo contra o Uruguai.
VAMOS AOS NÚMEROS
Dorival começou gerando ilusão ao vencer Inglaterra e empatar com a Espanha em amistosos. Terminou sob vaias em Salvador ao empatar com o Uruguai.
Nas Eliminatórias, teve os mesmos seis jogos de Diniz. Se o antecessor somou sete pontos, Dorival pelo menos conseguiu 11. Recebeu o Brasil em sexto e “entrega” em quinto. Bem longe do que a CBF imaginava para o segundo semestre.
Na Copa América, a eliminação nos pênaltis -após uma campanha invicta- não foi capaz de maquiar a falta de futebol da seleção.
Durante a maior parte do ano, parecia que Dorival estava sempre convocando a seleção pela primeira vez. Foi tentativa e erro até achar a (parcial) formação atual.
Tirando suspensões e lesões, a ideia de jogo se repetiu nas três últimas partidas. Mas a seleção não embalou. Tanto que empatou os dois jogos mais recentes, contra Venezuela e Uruguai.
O PESO DA QUESTÃO POLÍTICA
O desempenho do time entra em um balaio de problemas na seleção que se arrastam desde a Copa do Mundo.
Dorival foi a solução em um ano que começou com o presidente Ednaldo Rodrigues ainda afastado por decisão judicial. Isso jogou por terra o sonho de contar com Carlo Ancelotti.
Ednaldo voltou à cadeira via liminar no STF. O caso não foi completamente julgado até hoje. Assim como a seleção está buscando dias melhores até hoje.
Apesar da estabilidade em termos de emprego que Dorival teve no ano, 2024 teve cara de mais um ano perdido, sem que o Brasil conseguisse voltar à principal prateleira de seleções do continente. Quiçá do mundo.
“Tivemos coisas boas no ano. Muito mais do que coisas negativas”, afirmou o técnico.
SELEÇÃO NÃO SUPERA FALTA DE NEYMAR
O Brasil foi um ano sem Neymar e na expectativa sobre quando, como e onde ele vai efetivamente voltar a jogar. A lesão no joelho passou, o camisa entrou em dois jogos no Al Hilal e se machucou de novo. Agora, assim como a seleção, só em 2025. Talvez não seja na Arábia Saudita.
Isso escancarou a dívida da nova geração. Vini Jr, o quase Bola de Ouro, passou longe de brilhar. Teve um espasmo só contra o Paraguai, na Copa América.
Apesar da luta louvável e necessária contra o racismo, terminou a Copa América suspenso por cartão amarelo e não fez um golzinho sequer nas Eliminatórias. Ah, e teve pênalti perdido contra a Venezuela…
Rodrygo também oscilou. Paquetá virou reserva. Luiz Henrique chegou muito bem, resolveu contra o Chile e brilhou contra o Peru, mas o efeito não durou até o fim do ano.
Quem é o camisa 9? Pedro estourou o joelho no treino da seleção, e Igor Jesus terminou como titular. Sem que tivesse um reserva com as mesmas características.
E Endrick? Começou 2024 como solução vinda do banco, sensação e salvador. Dorival pregou paciência. O atacante terminou o ano fora da seleção.
Raphinha é quem termina o ano de forma mais promissora, revigorado pela função de meia. Apesar do descolamento da realidade, achando que o Brasil “jogou para c…” contra o Uruguai.
Os olhos se voltam para 2025. A próxima convocação será só em fevereiro. Vem aí a dobradinha mais complicada nas Eliminatórias: Colômbia e Argentina.
O Brasil parece que não corre tanto risco assim de ficar fora da Copa. Mas a questão é como vai chegar até lá.
Dorival prometeu que estará na final da Copa 2026. Mandou até um “podem me cobrar”. Se estiver na seleção até lá, certamente será cobrado. Será que ele fica?
“Isso quem pode responder é o diretor de futebol, o Rodrigo, e o presidente”, disse Dorival.
EDER TRASKINI, IGOR SIQUEIRA E LUCAS MUSETTI PERAZOLLI