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Pacientes com câncer de próstata no ES vivem cerca de 5 anos pós diagnóstico

A partir do diagnóstico de câncer de próstata e início do tratamento em hospitais da Rede de Atenção Oncológica do Espírito Santo, a probabilidade de os pacientes sobreviverem por pelo menos cinco anos é de  87,7%. O dado é de uma pesquisa vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Ufes (PPGSC), que analisou a expectativa de vida e os fatores associados ao risco de morte pela doença.

Entre os anos de 2000 e 2020, foram registrados 13.519 casos de pacientes que procuraram atendimento hospitalar no Espírito Santo por câncer de próstata. Segundo dados do Registro Hospitalar de Câncer (RHC/ES) utilizados na pesquisa, essa neoplasia afeta principalmente homens mais velhos, casados e com níveis educacionais mais baixos.

O professor associado no Departamento de Matemática Aplicada da Ufes (DMA) Wesley Grippa, autor da pesquisa, destaca que o cenário capixaba não difere do nacional, apresentando tendência de aumento no número de casos. O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima mais de 70 mil novos casos da doença para cada ano do triênio 2023-2025. O Inca revela que o câncer de próstata é a segunda maior causa de morte por tumores entre os homens.

“Os fatores de risco são idade avançada, fatores genéticos, histórico familiar de câncer e fatores hormonais, além de fatores ambientais, como a exposição a agrotóxicos. Outros estudos apontam que etnia também é um fator de risco: afro-americanos e asiáticos, por exemplo, apresentam maior incidência e maior agressividade no tipo do câncer de próstata”, explica Grippa.

Alerta

A campanha mundial Novembro Azul alerta a população masculina anualmente sobre a importância do combate ao câncer de próstata. O exame de toque retal (Exame Digital Retal – EDR) é o método de rastreamento mais utilizado devido à sua eficiência. A avaliação do Antígeno Prostático Específico (PSA) também serve como método para diagnosticar se a pessoa tem neoplasia, sendo realizado através de um exame de sangue. Contudo, esse método não é o mais indicado, pois outros fatores podem causar elevação de PSA, como as prostatites, hiperplasia prostática benigna e a manipulação da próstata.

“Muitos homens evitam ou adiam consultas médicas e exames de rotina, o que pode atrasar a detecção do câncer de próstata, especialmente em estágios iniciais, quando o tratamento costuma ser mais eficaz e menos invasivo. No presente estudo, ficou demonstrado um risco de óbito significativamente maior para pacientes nos estágios II, III e IV, em comparação com pacientes diagnosticados no estágio I, ressaltando assim a importância de diagnósticos precoces. A negligência masculina à saúde pode estar associada à visão tradicional de masculinidade, que desestimula a busca por ajuda médica”, alerta o professor do Departamento de Enfermagem da Ufes Luís Carlos Lopes-Júnior, orientador da pesquisa e líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Oncologia (GEPONC/CNPq).

A partir do diagnóstico do câncer de próstata, a cada dez anos, a probabilidade de morte pela doença aumenta em 10%. Segundo Grippa, os pacientes também apresentam um risco de morte elevado quando a doença se espalha para outras áreas do corpo (metástase).

As opções para o tratamento são amplas, visando ao controle da doença e a garantia de uma boa qualidade de vida ao paciente. Cada abordagem leva em consideração a evolução e o tipo histológico do tumor, bem como as características do paciente, como idade, comorbidade e preferências pessoais.

Contribuições

Lopes-Júnior pondera que os resultados encontrados a partir dos dados dos RHC/ES podem auxiliar na tomada de decisões para subsidiar programas de rastreamento e tratamento na Rede de Atenção Oncológica do Estado, “além de orientar o aprimoramento de políticas públicas na área de oncologia com vistas ao planejamento de ações eficazes à vigilância do câncer nos diversos níveis de atendimento da Rede de Atenção à Saúde”.

A pesquisa recebeu financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) e contou com o apoio da Secretaria de Estado da Saúde, que forneceu os dados por meio da Vigilância do Câncer.

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