Um dos agentes políticos mais envolvidos nas eleições municipais deste ano, o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos (União Brasil), demonstra empolgação com os resultados das urnas em 2024 e já antevê o que pode acontecer em 2026.
Envolto no processo de novo pleito para a Mesa Diretora, em 2025, Marcelo, desde já, diz estar fechado para a campanha de 2026 do governador do Estado, Renato Casagrande (PSB). A opção ventilada para o socialista é o Senado Federal. Marcelo, por sua vez, ressalta que também está de olho no Congresso.
ES Hoje: Qual balanço o senhor faz das eleições deste ano e como podem impactar no processo de 2026?
Marcelo Santos: Avalio de forma muito positiva! Primeiro que eu sou um cara que acredita na democracia. Então, o processo democrático, venceu. Este processo reforçou a importância de nossa participação ativa e respeitosa nas comunidades. Participei em 76 das 78 cidades, apoiando projetos e dialogando diretamente com a população, sempre com respeito aos adversários. Esse engajamento nas cidades, conhecendo os desafios locais e propondo soluções, vai além de uma simples disputa eleitoral: é parte fundamental de um compromisso contínuo com a melhoria das condições de vida dos cidadãos. Para 2026, acredito que aqueles que participaram ativamente e de forma genuína na vida das pessoas e nas cidades estarão ainda mais fortalecidos como lideranças locais e estaduais.
Um exemplo disso é o Pablo Muribeca, que foi o único a conseguir romper a bolha quase impenetrável de duas lideranças que dominaram a Serra por quase 30 anos: Vidigal e Audifax. Mesmo depois de se posicionarem em lados opostos, a cidade ainda via suas opções limitadas aos candidatos desses dois grupos. Pablo, inicialmente, teve uma votação modesta em seu primeiro mandato como vereador, mas depois alcançou a maior votação da história para deputado estadual, uma conquista histórica. Ele rompe essa bolha atuando como candidato independente, enfrentando de forma corajosa duas máquinas políticas poderosas — a estrutura do município e a do governo estadual.
O caminho natural do governador Renato Casagrande é de fato o Senado?
Eu tenho plena convicção. O governador Renato Casagrande é o único compromisso que já tenho firmado para 2026, é sua candidatura ao Senado. Nós, o Espírito Santo, precisamos dele no Senado da República. Ele fez um trabalho bacana como governador mas se destacou como senador, possui um histórico de sucesso no serviço público, e é natural que lideranças com sua experiência e trajetória tenham espaço em posições de destaque. Então ele tem e terá meu apoio ao Senado. E ele, como líder que é, poderá coordenar o processo de sua própria sucessão pois, com o poder do diálogo, conversando com todas as forças, podemos convergir a um nome que pode liderar esse projeto para a sucessão do governador Casagrande. Claro que ainda é muito embrionário, mas acredito que ele tem essa capacidade de liderança.
O senhor já declarou que não vai para a disputa da Assembleia Legislativa. O Congresso é o caminho natural ou não descarta outras opções?
Tenho dito há algum tempo que acredito no planejamento, não em sorte. Junto com meus parceiros e colaboradores, planejei e trabalhei para cumprir este último mandato na Assembleia Legislativa de forma consagrada e, graças a Deus, tenho conseguido cumprir essa missão como presidente da Assembleia. Meu alvo agora está em uma candidatura ao Congresso Nacional como deputado federal. Esse é um passo que reflete tanto meu compromisso com o Espírito Santo, quanto com esse planejamento que discuti lá atrás com meus colaboradores.
O que fez o senhor optar pelo União Brasil e como avalia o desempenho do partido no Brasil e no Espírito Santo?
Eu deveria ter ingressado no União Brasil há muito tempo. Essa minha decisão e vontade de ingressar foi baseada na afinidade com a proposta do partido e com as lideranças em quem confio, como o presidente Antônio de Rueda e outros membros da Executiva Nacional como o deputado Fábio Schoechet e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que me convidaram para fortalecer a sigla que estava em uma curva de queda.
Essa queda se estabilizou no Brasil, mas continua em declínio no Espírito Santo. É por isso que hoje faço parte do partido: para, junto com os demais membros, impulsionar o crescimento da sigla e fazer as entregas que a Executiva Nacional tanto espera e precisa.
As urnas, em nível nacional, deram respostas de caminho para o centro. Essa tendência deverá ser verificada em 2026 também?
Sim, acredito que será verificada no Brasil e no Espírito Santo. O eleitorado tem se posicionado contra o radicalismo, tanto da direita, quanto da esquerda. A população busca representantes que promovam o diálogo e o respeito às diferenças e aos diferentes. Essa eleição nos mostrou que é importante respeitar, mesmo não concordando com seus adversários.
Como um político de centro-direita, sempre mantive um diálogo aberto com todas as forças políticas, sejam elas de esquerda ou direita, pois acredito que isso fortalece a confiança no processo democrático. Esse respeito e equilíbrio são, na minha opinião, os grandes vencedores das últimas eleições, e acredito que essa tendência de valorização do centro se manterá em 2026.
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