Uma campanha de conscientização sobre a prematuridade é realizada anualmente nos meses de novembro, visando informar os desafios enfrentados por bebês que nascem antes das 37 semanas de gestação. Os prematuros chegam ao mundo exigindo atenção especial da equipe médica e dos pais.
No Espírito Santo, segundo dados do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinac), desde 2020, mais de cinco mil crianças nascem nessas condições anualmente. Há quatro anos foram 5.109 casos, passando para 5.295 no ano seguinte, 5.423 em 2023 e em todo o ano passado a prematuridade alcançou 5.560 lares. De janeiro a agosto deste ano o estado capixaba identificou que 3.234 bebês nasceram antes das 37 semanas de gestação.
Com seis anos, o pequeno Noah nasceu com 35 semanas, dando um susto no pais, os administradores Myrela e Ademir Cardoso. “Eu estava me sentindo mal desde a 33ª semana, um cansaço e dores de cabeça, mas os exames com ele não apontavam para problema algum e a minha médica, na época, pediu atenção. Lembro como se fosse ontem quando fui a uma consulta e lá mesmo ela me encaminhou para a maternidade. Eu nem com a bolsa dele estava arrumada. Ficamos quase um mês monitorando o pulmão na UTIN, e depois o desenvolvimento dele me pareceu “mais demorado” que os demais. Hoje, graças a Deus, isso ficou somente para a história”, comemora Mylena.
No Brasil, a prematuridade é um problema de saúde pública significativo. De acordo com dados do Ministério da Saúde, aproximadamente 11% dos nascimentos no país são prematuros, o que representa cerca de 300 mil bebês por ano. Esses números reforçam a necessidade de uma rede de apoio e conscientização sobre a prematuridade, visando melhorar a saúde e a qualidade de vida desses recém-nascidos.
Imaturidade do organismo
Os bebês prematuros apresentam diferenças significativas em relação aos que nascem a termo, que é considerado entre 37 e 41 semanas e 6 dias de gestação. De acordo com a médica pediatra, Betina Moreira, a principal distinção está na imaturidade dos seus sistemas corporais, especialmente o sistema imunológico, o que os torna mais vulneráveis a infecções e outros desafios de saúde.
“Como resultado, muitos prematuros requerem suporte intensivo para funções básicas, como respiração e controle de temperatura, o que pode resultar em hospitalizações prolongadas”, explica.
A especialista enfatiza a importância do acompanhamento contínuo para esses bebês. “É fundamental para que esses bebês recebam a estimulação e o cuidado necessários para se desenvolverem no próprio ritmo”, afirma. Este monitoramento é crucial não apenas nos primeiros meses, mas ao longo dos anos iniciais, quando os prematuros precisam de atenção especial para alcançar os marcos de desenvolvimento típicos.
Estudos demonstram que, com o cuidado adequado, muitos bebês prematuros conseguem progredir e alcançar marcos de desenvolvimento semelhantes aos de bebês nascidos a termo por volta dos dois a três anos de idade. “Essa recuperação depende de vários fatores, incluindo o grau de prematuridade, o acesso a cuidados especializados e o ambiente familiar”, reforça.
Além do suporte médico, o envolvimento da família é essencial para o desenvolvimento dos bebês prematuros. “A estimulação e o amor que os pequenos recebem em casa fazem toda a diferença na recuperação e crescimento.”