Hoje, o bairro Niterói está em luto pela morte de dona Iracy, que ajudou tantas pessoas em momentos de aflição.
Dona Iracy Cantarella Carriço, de 91 anos, moradora da rua Regina Célia Ciciliote, no bairro Niterói, onde rezou, responsou e benzeu milhares de pessoas, faleceu serenamente no final da noite deste domingo (22), em sua residência.
Dona Iracy estava acamada há alguns meses, com a saúde bastante debilitada. Seus últimos dias foram passados ao lado dos filhos, em casa, recebendo cuidados paliativos e atenção integral.
O corpo está sendo velado em sua residência, e o sepultamento será às 16h no Cemitério da Aparecidinha, em Piúma.
Muito procurada por sua fé
Durante décadas, dona Iracy foi procurada por pessoas em busca de benção e alívio para suas aflições. De acordo com sua filha, a professora Maria Carriço, as orações de dona Iracy eram eficazes, e muitas pessoas voltavam curadas para agradecer. “E ela nunca cobrou um centavo por isso”, disse Maria.
“Minha casa vivia cheia até a minha adolescência. Eu via muitas pessoas chegando doentes, crianças com cobreiro, e, depois das orações de mamãe, as feridas começavam a secar. Muitos adultos, que vinham cabisbaixos, saíam renovados. As pessoas voltavam para agradecer. Desde quando morávamos na roça, mamãe já benzia”, contou.
Além de benzer, dona Iracy também praticava o responsar – técnica pela qual coisas perdidas eram encontradas. “Se algo era perdido, ela encontrava. Mas, se fosse roubado e tivesse passado por uma ponte, não aparecia mais”, lembrou Maria.
Segundo a filha, para quem aprende a oração de responsar e tem fé, o objeto perdido aparece. “Minha irmã também responsa. É a fé que move o objeto”, garantiu.
Tradição passada de geração em geração
Dona Iracy começou a benzer ainda jovem. “Desde mocinha, ela aprendeu as orações e levou isso para a vida. Sempre benzia quem achava que estava com mau-olhado ou energia negativa. Até hoje, procuro benzedeiras quando me sinto carregada”, afirmou Maria.
O que é responsar?
Responsar, verbo transitivo derivado do latim responsãre, tem como significado “rezar responso” ou “suplicar a um santo pela aparição de algo perdido ou pela solução de um problema”. Essa prática, muito comum antigamente, era uma forma de buscar ajuda divina em momentos de desespero.
Quando promessas a santos como Santo Antônio ou São Longuinho não davam resultado, as pessoas recorriam a responsadores – pessoas com orações específicas e um “magnetismo” especial para localizar objetos perdidos.
Em Piúma, algumas pessoas se destacaram nessa prática. Contudo, para respeitar as famílias, nomes não serão citados nesta reportagem, considerando questões relacionadas à religiosidade.
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