Os comerciantes capixabas vão fechar o ano com o otimismo em alta: o Índice de Confiança dos Empresários do Comércio (Icec) do Espírito Santo, em dezembro, é o maior do Sudeste, 115,5 pontos, e também é mais alto que a média brasileira, de 112,4. Ao comparar o indicador deste mês com o de dezembro de 2023, verifica-se ainda crescimento de 1,6%. Esse resultado foi impulsionado pelas boas expectativas em relação à economia e às vendas. As análises são do Connect Fecomércio-ES (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo), com informações da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Comerciante de loja de bijouterias no Centro de Vitória, Sulamita Barbosa, comemorou o aquecimento das vendas. “Teve uma grande melhora, a gente vendeu muito bem, em comparação com o ano passado. Aqui no centro de Vitória percebi uma grande melhora, muita gente procurando. As pessoas buscaram muita maquiagem e acessórios para cabelo”.
A empresária Adriana Venancio, dona de papelaria, destacou que pela movimentação em sua loja, as pessoas não só compraram presentes, como fizeram muitas lembranças, adquirindo em seu negócio objetos e materiais para embalar. “As vendas foram muito boas, muitas embalagens, laços, papel de presente. As pessoas fizeram muitas cestas para dar de presente, as pessoas fizeram muito amigo-X. A expectativa é que na volta às aulas vai dar muito movimento. Antes do Natal já tivemos vendas de volta às aulas, agora estamos com lojas nos shoppings também, lá dá muito movimento. Cadernos, fichários, mochilas, canetas, essas coisas miudinhas são as que mais saem”, comemorou.
Depois de três meses consecutivos de crescimento do Icec, houve uma leve queda de 0,5%: foi observado um aumento de 2,4% na transição de agosto para setembro de 2024, de 5,5% para outubro, de 0,9% em novembro e redução de 0,5% em dezembro.
“Várias empresas têm ocupado imóveis do Centro, principalmente da área de serviços. E temos implementado uma série de parcerias com o Sebrae, Sesc, Fecomércio, Sindilojas, prefeitura, Companhia de Desenvolvimento, Turismo e Inovação e Governo do Estado para fomentar a reocupação econômica do Centro”, afirmou Rogério Alcântara, presidente da CDL Vitória.
“O Centro de Vitória faz parte da história do nosso Estado e foi onde nosso comércio se estabeleceu, cresceu e ganhou vida. Como em tantas cidades do país e do mundo, passou por um momento de descentralização, mas, ciente da representatividade do local, a CDL Vitória tem apoiado e incentivado a valorização do Centro de Vitória, com o intuito de transformar, novamente, o local em um ponto empresarial, turístico, cultural e gastronômico”, acrescentou Alcântara.
Sazonalidade das vendas
Para a coordenadora de pesquisas do Observatório do Comércio, o Connect Fecomércio-ES, Ana Carolina Júlio, esse movimento reflete as oscilações naturais do ambiente econômico, influenciadas por fatores como a sazonalidade das vendas e as expectativas dos empresários em relação ao desempenho futuro. “A queda de 0,5% em dezembro pode ser interpretada como um ajuste natural de mercado após meses de crescimento”, ressaltou.
Segundo Ana Carolina Júlio, o Espírito Santo apresentou um desempenho relativamente positivo neste mês, especialmente quando analisado em comparação aos outros estados do Sudeste e ao Brasil. Na variação mensal, de dezembro em relação a novembro, a queda registrada (0,5%) foi menor que a média nacional (-1,0%) e que as reduções observadas em São Paulo (-1,1%) e no Rio de Janeiro (-1,8%). Minas Gerais foi o único estado com crescimento nesse período, com uma alta de 0,3%, destacando-se entre os estados analisados.
Entre os subíndices que compõem o Icec, o de Expectativas futuras – que engloba economia, setor e empresa – atingiu 145,8 pontos, a maior pontuação média, indicando otimismo para os próximos meses, com alta de 1,2% na comparação mensal e de 6,4% no comparativo de dezembro deste ano com o mesmo mês de 2023, sinalizando otimismo em relação ao médio e longo prazo.
De acordo com Ana Carolina Júlio, esse sentimento positivo é sustentado pela baixa taxa de desemprego no estado, de 4,1%. Adicionalmente, o crescimento de 11% na renda média dos trabalhadores ao longo dos últimos 12 meses fortaleceu o consumo das famílias e dinamizou a economia local.
Os subíndices do Icec de Condições atuais e Intenções de investimento – ambos englobando avaliações sobre economia, setor e empresa –, por sua vez, registraram queda, refletindo a cautela dos empresários diante do cenário econômico. Além disso, a alta dos juros encareceu o crédito, desestimulando investimentos e consumo.
“Ainda assim, o Espírito Santo demonstra resiliência. Fatores locais, como a baixa taxa de desemprego e o aumento da renda média, fortalecem o consumo das famílias e criam um ambiente mais estável para o comércio. Somados à resiliência histórica do setor comercial capixaba, esses elementos sustentam o otimismo dos empresários e consolidam um cenário promissor para o futuro do estado”, declarou a coordenadora do Connect Fecomércio-ES.
Segundo o presidente da CDL Vitória, o ano de 2024 foi de desafio para o comércio. “Mas conseguimos superar e registrar crescimento durante todos os meses. Para 2025, o horizonte traz riscos e desafios: a deterioração fiscal, a alta da taxa SELIC – atualmente em 12,25% ao ano – e as incertezas inflacionárias impactam diretamente as expectativas para o próximo ano, o que reforça a necessidade de medidas concretas para recuperar a credibilidade fiscal e estabilizar a economia. Mas, mesmo assim, os empresários seguem otimistas e contribuindo para a movimentação da economia para que, assim como em 2024, o varejo seja um impulsionador do país”, finalizou.
Com informações de João Otávio Carvalho
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