Olá Seja Bem vindo: 28/12/2024

Verão aumenta incidência de arboviroses e governo pede ajuda da população

O verão chegou e, com ele, vieram também os períodos de chuva e de calor intenso, ingredientes perfeitos para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, vetor de doenças como dengue, zika e chikungunya. O sorotipo 3 da dengue não está em circulação no Espírito Santo, mas está presente em estados vizinhos como Rio de Janeiro e Minas Gerais, o que aumenta o risco de introdução do vírus no Espírito Santo. O subsecretário de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo, Orlei Cardoso, se diz bastante realista quanto a essa possibilidade, pois da mesma forma como a febre do oropouche chegou, em 2024, o sorotipo 3 da dengue também pode chegar ao estado, principalmente nesse período de férias, em que há grande circulação de pessoas entre estados.

“A gente tem uma preocupação com Guarapari, por exemplo, que tem muito turista. A gente tem trabalhado enquanto Secretaria Estadual de Saúde focando nos protocolos, focando nas ações que a gente tem que fazer, mas entendendo que a qualquer momento a gente pode identificar o sorotipo 3. E como a nossa população não tem imunidade contra o sorotipo 3, temos o risco de ter um maior número de casos da doença. Outro problema é que quem já pegou dengue 1 e dengue 2 tem grande chance de ter maior gravidade se pegar o sorotipo 3, principalmente se for um paciente obeso, diabético ou com outra comorbidade”, explicou.

ES Hoje conversou com o subsecretário na tentativa de entender o que falta para conseguirmos reduzir o número de casos de arboviroses, como são chamadas as doenças virais transmitidas pela picada de mosquitos, como  dengue, zika, chikungunya e febre do oropouche. Para Orlei, essa é uma pergunta desafiadora. Na avaliação dele, a redução dos casos de arboviroses depende de ações coletivas e da conscientização de que o problema não é exclusivo da saúde pública, apesar de ser essencial que o poder público faça sua parte com eficiência, que os agentes de saúde realizem visitas adequadas, orientem a população e utilizem as ferramentas de controle.

Mas o subsecretário ressalta que, para além disso, o apoio da população é indispensável no combate às arboviroses, especialmente na eliminação de criadouros do Aedes aegypti. Ele destaca a necessidade de um trabalho semanal nas residências para verificar e remover possíveis focos. “Aquele relato de que 80% dos focos do Aedes aegypti estão dentro das residências mostra a responsabilidade que a população também tem, já que o mosquito está dentro de casa. E por que ele escolhe ficar dentro de casa? Porque é um mosquito que a gente chama de hematófago, ou seja, ele precisa de sangue para se alimentar e é lá que ele vai encontrar o alimento. Se você tira uma vez por semana para eliminar criadouros da sua casa, você não deixa o mosquito nascer”, enfatiza.

Entre as ações usadas pelo poder público para combater ao Aedes aegypti, por exemplo, está o uso de larvicidas, que atuam na fase inicial do ciclo do mosquito, e as ações de bloqueio, que utilizam bombas motorizadas para atingir o inseto na fase adulta. Orlei também destaca que o Espírito Santo já adota estratégias inovadoras, como a instalação de ovitrampas para monitoramento do Aedes aegypti na fase de ovo, além de borrifação intradomiciliar e visitas a pontos estratégicos, como borracharias e cemitérios.

Por outro lado, o subsecretário ressalta a adaptabilidade do Aedes aegypti, que antes era predominante em climas quentes e agora já está presente em regiões frias, ampliando ainda mais o desafio para as autoridades de saúde. Ele alerta que o Aedes aegypti encontra formas de sobreviver nos locais mais inesperados, o que exige um esforço contínuo e alinhado de todos para combatê-lo de maneira eficaz. O mosquito pode, por exemplo, botar ovos em locais secos, que permanecem viáveis por meses, aguardando contato com água para eclodirem. Essa capacidade de adaptação, somada à dependência de ações conjuntas entre poder público e população, torna o Aedes um vetor que continua desafiando os esforços de controle há anos.

Para Orlei, o que falta é um engajamento maior e coordenado entre a população e o poder público e, para que isso aconteça, é necessário que todos entendam a importância da prevenção. “É importante entender a necessidade de descartar o lixo no horário correto e evitar jogá-lo em qualquer lugar. Essa simples atitude ajuda a prevenir problemas que vão além do que ocorre dentro das residências. Embora a maior parte dos focos esteja dentro das casas, cerca de 20% estão em áreas externas, como terrenos baldios, que podem se tornar criadouros significativos para os mosquitos”, diz.

Outra via de prevenção, pelo menos contra a dengue, é a vacinação, que está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos de idade. De acordo com Orlei, muitas crianças e adolescentes estão tomando a primeira dose da vacina, mas não estão retornando após os três meses recomendados de intervalo para tomar a segunda dose, o que impede a proteção completa contra a dengue.

Treinamento e orientações

Ao longo do 2023, ano em que houve uma das maiores epidemias de dengue do Espírito Santo, com 192.136 casos notificados e 98 óbitos, a Secretaria de Estado da Saúde ministrou treinamentos presenciais em todas as regiões capixabas para capacitar médicos e enfermeiros no manejo clínico das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. “Depois nós continuamos fazendo capacitações web. Algumas tiveram mais de 3 mil visualizações. Dessa forma, conseguimos abarcar não só médicos, mas também enfermeiros, técnicos de enfermagem, até farmacêuticos, fisioterapeutas e vários outros profissionais que tiveram oportunidade de fazer”, conta Orlei.

E neste ano, após o registro do primeiro caso de febre do oropouche no Espírito Santo, em 1º de abril, a orientação é em vez de fazer teste rápido, testar todos os pacientes que chegam ao consultório ou ao hospital com sintomas de qualquer arbovirose, seja dengue, zika, chikungunya ou oropouche, e enviar as amostras para o Laboratório Central (Lacen) do Espírito Santo, onde será feito o teste molecular para identificação da doença.

“Paciente que chega com febre, dor de cabeça, manchas, com suspeita de qualquer arbovirose, o médico é orientado a coletar amostra e enviar para o Lacen porque o teste rápido não consegue identificar oropouche. O médico não deve pensar que é dengue, ele deve orientar o paciente e coletar a amostra. É assim que a gente está conseguindo identificar os casos de febre do oropouche”, menciona o subsecretário.

Segundo Orlei, a Secretaria de Estado da Saúde trabalha com o município tanto na capacitação quanto no ordenamento de fluxo, isto é, para onde o município encaminha o paciente que às vezes chega em estado grave. A orientação é que os municípios tenham a sala de hidratação de forma adequada e que tenham soro para fazer hidratação venosa quando necessário.  “Orientamos que os municípios trabalhem para que o paciente não fique grave porque, falando especificamente da dengue, o paciente que fica grave dificilmente a gente consegue reverter, ele vai a óbito”, destaca.

Desafio do maruim e a febre do oropouche

Enquanto o Aedes aegypti tem seus criadouros bem definidos, o mosquito maruim, ou mosquito pólvora, vetor da febre do oropouche, apresenta desafios únicos. Ele não depende de água parada para se proliferar, mas de matéria orgânica em decomposição, como lama, folhas podres e resíduos de plantações de café e banana. “Ele se desenvolve em locais sombreados e úmidos, como mangues e áreas rurais”, explica Orlei. Embora a maioria dos casos registrados no Espírito Santo tenha ocorrido em áreas rurais, ele alerta que pessoas da zona urbana também podem se contaminar ao visitar ou trabalhar em regiões rurais.

Pontos turísticos com muita vegetação, como parques com área verde, também são locais onde o maruim pode estar presente. “Quando uma pessoa doente é picada, o mosquito pode se contaminar, criando um ciclo de transmissão”, explica Orlei. Isso reforça a necessidade de proteção individual, especialmente para gestantes, que têm risco aumentado de complicações congênitas. Orlei recomenda o uso de roupas de manga comprida e repelentes, embora este último tenha eficácia limitada contra o maruim.

Atualmente, não existem inseticidas recomendados para o controle do maruim, por isso, a Secretaria de Estado da Saúde tem trabalhado para entender melhor o perfil do vetor no Espírito Santo.

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