A Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), em parceria com a Polícia Militar (PMES), Polícia Penal (PPES) e o Centro de Inteligência e Análise Telemática (CIAT), deflagrou, na madrugada de quinta-feira (19), a Operação “KRAMPUS”. Os resultados foram divulgados nesta segunda-feira (23) em coletiva de imprensa na Chefatura da PCES, em Vitória.
A ação teve como principal objetivo combater o tráfico de drogas e desmantelar a atuação da facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP) nos municípios de Vitória, Cariacica e Serra.
Comandada pela Superintendência de Polícia Especializada (SPE) e pela Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE), a operação resultou na prisão de seis pessoas e no cumprimento de 25 mandados de busca e apreensão domiciliar.
Ação no Bairro Cruzamento
O foco principal da operação foi o bairro Cruzamento, em Vitória, conhecido por ser uma área estratégica para a atuação do TCP, onde foram apreendidos cerca de 2 quilos de cocaína e 1 quilo de maconha.
Segundo o delegado Alan Moreno de Andrade, coordenador do CIAT, a operação visou enfraquecer a facção criminosa, atacando não só um grupo, mas todas as organizações envolvidas no tráfico de drogas no estado, o que fez com que a operação atingisse também Cariacica e Serra.
Combate ao TCP e Estratégia de Combate às Facções
Durante a operação, a polícia conseguiu prender o líder da facção TCP no Cruzamento e outros membros diretamente ligados a ele, como o gerente do tráfico de drogas da região. “Esse indivíduo era o ponto focal do tráfico de drogas no bairro. Ele emanava as ordens para os demais, que o seguiam”.
“Com isso, entramos em uma nova fase da investigação, onde entregamos todo o material recolhido ao Ministério Público”, aponta o delegado.
Com a prisão das principais lideranças da facção no estado, os irmãos Vera, o delegado explica que hoje o TCP se encontra em uma cisão. “Pode ser que a gente veja uma queda de uma facção criminosa, uma vez que temos uma parte que segue os irmãos Vera e outra parte que não os seguem em relação a essas chamadas guerras do tráfico”.
“Hoje temos muitos traficantes que não querem guerra, apenas vender a drogas e cometer crimes locais. A guerra traz presença policial, presença de inimigos e diminui o lucro do tráfico de drogas, o que não é interessante para essas pessoas”, detalha.
Investigações Inteligentes e Metodologia de Trabalho
O delegado também explicou que a metodologia de investigação adotada pela PCES é baseada fortemente em inteligência e investigações laboratoriais. De acordo com ele, 80% das investigações no Espírito Santo agora são conduzidas com base em dados precisos e análises laboratoriais, permitindo uma atuação mais estratégica no combate ao tráfico. A inteligência policial identificou pontos-chave de distribuição de drogas, rotas e líderes da facção, facilitando a execução da operação.
“Motoristas do Tráfico” e o Desvio de Entregas
A operação também revelou a atuação de motoristas de aplicativos que realizavam o transporte de drogas disfarçadas como entregas de comida. Um dos alvos da operação foi preso por transportar drogas através desse método, destacando a sofisticação das operações criminosas no Espírito Santo.
De acordo com o delegado, a droga era transportada de forma camuflada, dificultando a identificação das atividades ilícitas.
Expectativas para as Próximas Ações
O delegado Alan Moreno antecipou que novas operações serão realizadas em breve com o objetivo de desarticular facções criminosas e combater a violência relacionada ao tráfico de drogas no estado. Ele também alertou sobre o crescente investimento de pessoas em atividades ilegais, atraídas pela promessa de retorno rápido, mas que envolvem riscos, como o financiamento de armas e homicídios.
“Vamos intensificar as ações de combate ao tráfico de drogas. Essas facções geram violência e financiam mortes, e nossa missão é desarticular essas organizações”, declarou o delegado.