De 14 a 21 de dezembro é celebrada a Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea. A data foi instituída como uma forma de incentivo e orientação sobre o tema. Pacientes com leucemia aguda, linfomas, anemia aplástica, mieloma múltiplo entram na lista de pacientes que precisam de transplante de medula óssea. No Espírito Santo, 21 pessoas estão na fila de espera.
No Estado, o hospital Santa Rita, localizado no bairro Santa Cecília, em Vitória, é o responsável pelos transplantes. O coordenador do Serviço de Onco-Hematologia e Transplante de Células Tronco Hematopoéticas do Hospital Santa Rita, Marcelo Aduan, destacou que, em 2024, 89 pessoas passaram pelo transplante e outras três estão na lista para passar pelo processo ainda este ano.
O coordenador contou ainda que 21 pessoas estão na lista para receber o transplante. “O próprio médico é quem inscreve o nome do paciente na lista dos que precisam ser transplantados”, esclareceu.
Marcelo Aduan frisa ainda os três tipos de transplantes de medula, que pode ser do próprio doador, de um parente ou doador desconhecido.
Transplante autólogo
O transplante autólogo é quando a própria pessoa doa e recebe a medula. “Utilizamos de forma curativa ou como forma de controle para doenças malignas (câncer). É aplicado, principalmente, para os casos de Mieloma Múltiplo, Linfoma de Hodgkin, Linfoma Não Hodgkin, Neoplasia de Células Germinativas (tumor de testículos)”, explicou.
Transplante Alogênico Aparentado
O transplante Alogênico Aparentado é aquele em que o doador pode ser um parente, como o irmão, por exemplo.
“A principal indicação de Transplante Alogênico é para os casos de Leucemias Agudas (Mielóides e também Linfóides). É uma modalidade de tratamento curativa. A taxa de cura varia com as características da Leucemia e também com as condições do paciente e se a doença encontra-se controlada no momento da internação para o transplante”, reforçou.
O coordenador do Serviço de Onco-Hematologia e Transplante de Células Tronco Hematopoéticas do Hospital ainda destacou que compatibilidade é definida pelo exame de Antígeno Leucocitário de Histocompatilidade (HLA), que rege a possibilidade do transplante e a escolha do melhor doador.
“Atualmente, existe a possibilidade de transplantes em que o doador não precisa ter compatibilidade completa com o receptor, desde que sejam feitos os devidos ajustes.
Entretanto, esse transplante parcialmente compatível (Haploidêntico), só deve ser indicado na falta de doador totalmente compatível, seja na família, seja no Banco de Medula Óssea (Redome)”.
Transplante Alogênico Não Aparentado
De acordo com o coordenador, o Transplante alogênico não aparentado é aquele a qual o doador utilizado está no Banco de Medula Óssea (Redome – Registro Brasileiro de Transplante de Medula Óssea).
“Quando o doador não é encontrado no Registro Brasileiro, o Redome pode realizar busca internacional por esse doador”, informou.
O coordenador reforça ainda que o risco para o doador é mínimo e relata como a doação ocorre. “As células tronco hematopoéticas podem ser coletadas a partir da Medula Óssea em centro cirúrgico ou, simplesmente, a partir da coleta através da punção venosa das veias do braço (ambos os braços)”.
Jucimar Gonçalves Pereira, de 43 anos, é uma das pessoas que recebeu a doação de medula óssea. O transplante dele foi o ‘Transplante Alogênico Aparentado’ e seu doador foi o próprio irmão, Jucelio Gonçalves Pereira, de 42 anos.
A necessidade de um transplante de medula óssea surgiu na vida de Jucimar depois que ele descobriu uma Leucemia Mieloide Aguda, em abril de 2019. Menos de um ano depois, já em março de 2020, ele passou pelo procedimento.
“Meu doador foi meu único irmão legítimo, 100% compatível. Ele me deu a oportunidade de uma nova vida e foi um grande aprendizado!”, lembrou.
Jucimar, como receptor, fala da importância de receber a doação de medula óssea e deixa um recado para quem deseja doar. “Eu diria que é muito simples a doação e muito importante para quem recebe, é e a oportunidade de uma nova vida. Hoje, graças ao transplante eu posso ter uma vida normal, eu vivo uma vida normal!”.
Para ser doador
O cadastro de doador voluntário de Medula Óssea é realizado no Centro de Hematologia e Hemoterapia do Estado (Hemoes). O centro informa que a pessoa pode ser voluntária para a doação de sangue, doação de medula ou de ambos e reforça que é importante que este desejo seja explicitado no momento do cadastro.
O hemoes atua na orientação junto aos candidatos sobre os procedimentos para a doação de medula e na coleta das amostras, encaminhando para laboratórios aptos a realizarem esses exames de alta especificidade técnica, cadastrados no Ministério da Saúde.
Em caso de compatibilidade com um paciente, o doador é convocado para exames complementares e para realizar a doação propriamente dita.
O cadastro do candidato a doador de medula óssea é realizado em todas as unidades do HEMOES, sem necessidade de agendamento prévio.
Passo a passo para se tornar um potencial doador de medula óssea
O candidato a doador deve ter entre 18 e 35 anos e 6 meses; ter boa saúde e não apresentar doenças infecciosas, hematológicas, oncológicas ou doenças auto imunes;
Ainda de acordo com Hemoes, é necessário apresentar documento oficial de identidade, com foto e fornecer dados pessoais para o preenchimento do cadastro no Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME).
O voluntário à doação assinará um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e receberá uma cópia, constando seu nome e o número do registro no REDOME.
Será coletada uma amostra de 5ml de sangue para realização de teste de compatibilidade genética, o Antígenos Leucocitários Humanos que irá determinar as características genéticas necessárias para a compatibilidade entre o doador e o paciente. O tipo de HLA será cadastrado no REDOME.
Atualização do Cadastro
É importante que o doador mantenha sempre seus dados cadastrais atualizados no site do REDOME (nome, endereço, telefone, e-mail), para que ao ser convocado como possível doador compatível, possa ser localizado facilmente.
O site para atualização do cadastro é: http://redome.inca.gov.br/doador
A Coleta da Medula Óssea
Segundo o Centro de Hematologia e Hemoterapia do Estado (Hemoes), há duas formas básicas para coleta da medula óssea de um doador compatível sendo:
Punção no osso da bacia, por meio de agulhas especiais, sob efeito de anestesia. Os doadores passam por um pequeno procedimento cirúrgico, de aproximadamente 90 minutos;
Aférese: procedimento de coleta por via periférica, que se assemelha a uma doação de sangue. Não requer internação, nem anestesia.
A escolha sobre o método mais adequado de coleta não é uma decisão do doador ou do paciente, mas sim uma indicação médica, de acordo com o tipo de doença ou diagnóstico do paciente.
785 transplantes desde 2008
O Centro de Transplante de Medula Óssea (TMO) do Hospital Santa Rita, em atividade desde 2008, está, atualmente, habilitado pelo Ministério da Saúde para realizar as três modalidades de Transplantes:
A equipe do Centro de Transplante de Medula Óssea realizou, até o momento, 785 transplantes, sendo 755 autólogos e 30 alogênicos.
“Estamos recebendo pacientes de todo Brasil, inclusive, temos encaminhamentos de outros estados como RJ, PI, MA e RO”, afirmou.
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